Jeremy Clarkson taxando os motoristas ricos

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Quando você está doente, há duas maneiras de você ficar bom de novo na Grã-Bretanha. Se você tiver dinheiro, você é levado à uma sala bonita e limpa onde enfermeiras levarão sopas quentinhas para você. Se você não tiver dinheiro, você será deixado num corredor até contrair MRSA.

É a mesma coisa quando você viaja de avião. Aqueles que tem grana terão um belo jantar antes de transformar seus assentos em camas e dormirem confortavelmente. Aqueles na classe econômica, enquanto isso, passam a viagem inteira com o rosto no sovaco de outra pessoa e normalmente contraem raiva.

Trens? Mesma coisa. Você pode ficar cercado por cinomose e por malucos da Escócia. Ou, se você gastar mais, você pode ficar cercado por tecidos caros e ministros das finanças.

Se você é rico, você fica em hotéis melhores, come comidas melhores, mora em casas enormes. De fato, em todos os aspectos da vida, você pode usar o dinheiro para tornar sua vida mais agradável. Exceto nas estradas da Grã-Bretanha.

Quando há um congestionamento, Lorde Alan Sugar fica tão irritado em seu Rolls-Royce quanto Ron o Encanador em sua van. Ele pode ter uma carteira cheia de cartões de crédito feitos de ródio e de vários outros elementos da ponta exótica da tabela periódica, mas num congestionamento na M1, eles são inúteis.

E nada muda quando o trânsito move-se. Porque apesar do Rolls-Royce do Lorde Sugar ser projetado para andar a 240 km/h, ele é tão prisioneiro das leis e dos limites rodoviários quanto Ron em sua Sprinter. As estradas da Grã-Bretanha, então, são como Cuba e Vietnã – os últimos exemplos do pensamento Leninista.

E é por isso que fiquei contente quando soube que o governo está pensando em introduzir um sistema de dois níveis para taxação de veículos. Estão sugerindo que aqueles que não querem usar rodovias deveriam ter a oportunidade de comprar um selo de imposto (tax disc) mais barato para os seus carros. Nada mal. São boas notícias para a velhinha que usa seu Honda Jazz apenas para as viagens semanais nos fins-de-semana para visitar a Peggy na vila mais próxima. Mas dizem que esta idéia pode ser extrema demais.

Não é, não. Certamente não é tão extrema quanto algumas das minhas idéias…

Inicialmente, achava que seria uma boa idéia restringir a faixa da esquerda da rodovia para motoristas que pagam taxas maiores. Mas isto a entupiria com pessoas ricas que acham que têm o direito de estar nessa faixa, mesmo se elas decidirem arrastarem-se a 64 km/h.

O que eu proponho é a possibilidade de comprar sua própria velocidade máxima. Contanto que você não tenha um carro que seja um Austin Cambridge ou um Kia Rio, você pode gastar £500 (R$1.700) num tax disc que permita-o a andar a 145 km/h. Ou £1 mil (R$3.430), que permita-o a andar a 193 km/h. Talvez poderia haver uma versão ouro, por £10 mil (R$34.275), que permitiria uma velocidade máxima de 240 km/h e fazer ultrapassagens pela direita.

Por que não? Policiais em viaturas podem fazer isto, apesar deles ainda acharem que evitar cruzar os braços é a melhor maneira de controlar um carro.

Eu tenho algumas outras idéias para os centros de cidades. Hoje, quando um semáforo fica vermelho, todos são forçados a pararem, não importando o quão importante sejam suas jornadas. Isso é tolice. Então, que tal permitir que motoristas paguem para o semáforo ficar verde?

Dessa maneira, Lorde Sugar poderia sentar-se no banco de trás de seu Phantom apontando um controle remoto operado por cartão de crédito para o semáforo e teria uma viagem sem pausas até o trabalho. Brilhante. E, melhor ainda, se o Sir Richard Branson estiver vindo na direção oposta, eles fariam um leilão, com o semáforo no amarelo enquanto os plutocratas lutam pela supremacia.

Isto seria bom para a economia porque os grandes executivos não apenas chegariam ao trabalho mais rapidamente, mas seus “duelos” forneceriam, em questão de semanas, fundos o suficiente para construir um hospital onde os pobres não contraiam MRSA em corredores.

Naturalmente, eu também proponho uma via pedagiada, uma superrodovia onde o limite mínimo de velocidade seria de 240 km/h. De novo, por que não? O governo insiste em dizer que trens são perfeitamente seguros a 320 km/h. Então, por que não os carros? Qual é a diferença?

Sem dúvida, o Daily Mail argumentaria nesta altura que haveria uma regra para os ricos e outra para os pobres. Mas as coisas são assim desde a Idade do Bronze. É um sistema que funciona. Só que, com minhas idéias, os pobres também poderiam ser beneficiados.

Hoje, quando alguém compra uma passagem para a Classe Club, apenas a British Airways colhe os frutos. É a mesma história com planos de saúde privados, que beneficia apenas os doutores envolvidos. Mas com minhas idéias, os ricos pagam por privilégios diretamente para os cofres nacionais.

Vamos pegar o ato de estacionar como outro exemplo. Hoje, os ricos estacionam ilegalmente porque, pelo menos fora de Londres, eles sabem que terão de pagar apenas uma multa. Você pode parar por 10 horas numa faixa amarela dupla em Oxford e a multa sairá por menos do que se ficasse num estacionamento da Brewer Street em Soho por 4 horas.

Portanto, eu sugiro descartarmos a idéia de multas pessoas por estacionarem ilegalmente e tratar as áreas proibidas como uma espécie de faixas tributárias. Se estacionar junto a um parquímetro, o preço continua a mesma coisa que é hoje. Mas o custo para parar numa faixa amarela única seria de £500 (R$1.700). E o custo por parar numa faixa amarela dupla seria de £1 mil (R$3.430).

Será que os ricos pagariam tanto? Claro que pagariam. Eles pagam 10 vezes mais que o necessário por uma passagem de avião, e nós sempre lemos sobre ricaços gastando mais de £20 mil (R$68.500) por uma garrafa de vinho. Então por que eles não pagariam £500 todas vez que eles pararem para comprar um maço de cigarros?

Pense no quanto nós arrecadaríamos ao taxarmos os incrivelmente ricos que param seus Koenigseggs em faixas amarelas duplas na frente da Harrods. Hoje, seus carros são rebocados, mas eles acabam comprando outros, e não somos beneficiados de maneira alguma. Mas se nós deixarmos que eles parem lá, a um custo de £24 mil (R$82.270) por dia, em um mês teríamos o bastante para construir um aeroporto novo.

Os ricos ficariam incomodados? Não. Nem um pouco. Eles ficam incomodados quando pagam impostos e não recebem nada em troca, mas este sistema é muito mais justo. Eles estarão pagando taxas que lhes permitem viver vidas mais rápidas. Chega de semáforos vermelhos. Chega de guardas de trânsito. Chega de trânsito nas rodovias.

Isto é um plano visionário, e, com o tempo, ele também poderia ser usado em outras áreas: você poderia pagar a polícia para chegarem à sua casa mais rapidamente, e se você for o criminoso da história, pague-os para deixarem você escapar do xilindró.

Tolice? Não é, não. Especialmente quando nós já temos um sistema que permite aos filhos dos ricos terem notas melhores enquanto os filhos dos pobres são deixados para trás. Estou apenas sugerindo que mudemos um pouco as coisas.

Sobre johnflaherty

Meu nome é Sadao H. Konno, mas sou mais conhecido como "John Flaherty". Por quê? Porque sim, uai! Desde criança, eu gosto de carros, tanto que minha lembrança mais antiga dessa época é de uma capa da antiga Audi Magazine. Nunca fui muito de ler os grandes clássicos da literatura, mas o que me salvou foram as revistas especializadas em carros. Mais precisamente, a QUATRO RODAS, a MOTOR SHOW e, recentemente, a AUTO ESPORTE. Acho que foi em 2009 que descobri o Top Gear, e desde então, virei um grande fã da trupe formada pelo Jezza, Hamster, Capitão Lerdo e Stig. Em 2010, inspirado por uma amiga da faculdade, decidi começar a legendar vídeos do Top Gear e postá-los no YouTube. Infelizmente, minha conta foi bloqueada pela BBC, mas agora, ofereço suporte ao blog Top Gear BR.

Publicado em 17/12/12, em Jeremy Clarkson, Matérias traduzidas, News e marcado como , . Adicione o link aos favoritos. 8 Comentários.

  1. me lembrou o brasil. se ele acha que lá tá ruim, imagina se morasse aqui…

  2. texto confuso,que parece sem sentido,mas que tem uma verdade bem grande no fundo

  3. Só uma dúvida,vcs vão continuar legendando episódios to TG USA?

  4. Sem sentido mais no fim….faz sentido, engraçado isso!

  5. Lim Mesquita

    A ideia de uma taxa extra de velocidade máxima soa interessante (mas para uso apenas em rodovias de três ou mais pistas, por segurança), mas pela descrição no penúltimo parágrafo do Jezza, podemos concluir que a polícia brasileira é um modelo de eficiência…

  6. johnnyburanelo

    hahaha

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